Está ficando cada vez mais difícil decidir de quem será o próximo fim de semana, todas as candidatas são incríveis, maravilhosas e cabe a mim a difícil decisão de escolher uma por fim de semana. Tudo conta pontos, desde o questionário até o quanto eu as conheço, o quanto elas deixam que eu as conheça, o quanto elas se mostram e se entregam a mim, mas no final das contas eu sempre recebo uma “ajudinha”.
Há algum tempo eu recebi uma MP que dizia que gostaria muito de participar, mas só se candidataria quando fizesse 18 anos. Eu achei engraçado, mas nunca perguntei o motivo até uns dias atrás. A resposta dela até que não me surpreendeu muito, mas se quiserem saber, vão ter que perguntar a ela.
Eu a conheci no outro fórum, quando ela insistentemente queria jogar um balde de água na minha calça branca me deixando em maus lençóis, mas parece que ela parou com essa estranha obsessão por calças brancas molhadas. Enfim sábado foi o aniversário dela e como presente a comigo pra um fim de semana.
Eu pretendia ir buscá-la pela manhã, mas ela tinha combinado um almoço de comemoração na casa da irmã, então tive que deixar minha surpresa pra mais tarde. Pensei em várias maneiras de fazer uma surpresa, mas eu tive que conter minha criatividade, pois tudo que a minha Bonekinha não quer é chamar atenção pra si mesma, ela gosta de passar despercebida. (vou ter que ir dirigindo de novo) Será que ela não sabe que é impossível não notá-la? Eu fui dirigindo até a casa dela. É uma data muito importante para qualquer garota e eu queria que se tornasse inesquecível também. Eu mesmo fui até a porta e toquei a campainha segurando um buquê de flores. Eu sempre fico tão nervoso. Depois de uns três toques ela abre a porta e eu escondo o rosto atrás do buquê.
“Own que buquê lindo. Pra quem é?”
“Pode ser...” Eu disse disfarçando a voz. “Você é a Bonekinha?”
“Bonekinha? É sou eu, mas só o ...” Ela ficou muda por um instante. “Michael?”
“Surpresaaaa.” Eu disse sorrindo. “Feliz aniversário Bonekinha.”
“Oh Michael, você lembrou...”
“E como eu esqueceria que a minha Bonekinha se tornaria uma mulher.” Eu a segurei pela mão fazendo-a dar uma volta. “E uma linda mulher.” Trouxe a pra mais perto, toquei seu rosto com a ponta dos dedos e me deliciei vendo-a ficar corada. Ela baixou o rosto quando eu a olhei nos olhos e eu a fiz olhar pra mim levantando seu queixo.
“Vai duvidar dos seus sonhos agora?” Eu perguntei vasculhando seus olhos. “Quer passar esse fim de semana comigo Bonekinha?”
“Eu? Passar o fim de semana com você? Você tem certeza?” Ela parecia não acreditar.
“E tem mais alguma Bonekinha fazendo 18 anos aqui?” Eu perguntei fingindo procurar alguém.
“Não mas, espere um minuto enquanto pego algumas roupas.”
“Ora essa Bonekinha é seu aniversário e a melhor coisa de se fazer aniversario são os presentes, sua irmã e eu fomos as compras e eu te garanto que não precisara se preocupar com roupas para o fim de semana.” Disse sorrindo e dando-lhe a mão para que viesse comigo. “Agora vamos que eu quero chegar antes do sol se por.
Quando chegamos o sol já prestes a se pôr iluminava e aquecia a casa e o lago...
“E então, gostou bonekinha?”
“Se eu gostei? Eu amei. Muito obrigada Michael.”
“Fico muito feliz por isso.”
“Ah Michael, só você mesmo pra fazer tudo isso por mim.”
“Eu não fiz nada demais minha Bonekinha. Agora que tal tomarmos algo quente?”
“Hmmm...Algo quente? Não gosto de bebidas quentes.” Pela primeira vez ela fez uma careta. O que me fez rir muito.
“Meus filhos nunca gostaram de tomar vacinas, mas eu os fiz tomar todas porque eles precisavam e você precisa tomar uma xícara de chocolate quente.”
“É, mas eu não sou nenhuma criançinha e também não sou sua filha.”
“Tem razão, você não é uma criança.” Andei devagar até ela e olhei nos seus lindos olhos cor de mel segurando sua mão. “E graças aos céus não é a minha filha.” Trouxe-a pra mais perto ainda e lhe roubei um selinho. “Mas vou preparar um chocolate quente pra nós dois e já volto.”
Eu fui até a cozinha e preparei duas xícaras de chocolate quente enquanto dava as ordens pro jantar e quando terminei a encontrei sentada lá fora aproveitando os últimos raios solares. Sentei-me ao seu lado fazendo com que ela tomasse um susto e quase mandasse pro alto as duas xícaras. Depois de muito rirmos eu entreguei a xícara na mão dela e propus um brinde.
“Um brinde a aniversariante de hoje mais linda e engraçada do mundo. Que todos seus desejos sejam realizados conforme a vontade do nosso Pai Celestial. Que você seja muito feliz minha Bonekinha.”
Ela não disse nada, só tocou sua xícara na minha e sorriu concordando antes de tomar um gole do liquido doce e quente. Eu a abracei pela cintura trazendo-a pra mais perto de mim e sorrindo olhei pro sol que já começava a desaparecer entre as montanhas.
“Veja, bem na hora.” Eu disse apontando pro sol que sumia.
“É lindo Michael.”
“É sim, muito lindo.”
Ficamos ali sentados nos despedindo do sol até que ele sumisse por completo, então escutamos uma coruja piando e nos olhamos com os olhos arregalados antes de corrermos para dentro como duas crianças e nos atiramos no sofá da sala rindo até a barriga doer. Passada as crises de riso eu acendi a lareira e corri lá pra cima pedindo que ela me esperasse. Peguei um cobertor e desci correndo as escadas. Quase cai no caminho, pois estava só de meias o que nos causou mais uma crise de riso de ambos. Quando consegui me controlar me joguei no sofá maior que ela estava e com o dedo chamei-a pra mais perto de mim. Ela se aproximou mais e eu nos cobri, tomando cuidado para não deixar nada de fora. Puxei-a pra mais junto de mim a abraçando pela cintura, peguei o controle remoto e coloquei no canal de desenhos. Assistimos vários desenhos e eu não sei até agora se o que mais me divertia eram os desenhos ou se ficar olhando ela rir. Perdemos a noção das horas e quando percebemos já estava na hora do jantar e quando a cozinheira perguntou que horas deveria servir eu só pedi o tempo de tomarmos um banho. Corremos lá pra cima, cada um pro seu quarto pra nos prepararmos para o jantar.
Quando eu a vi descer as escadas meu primeiro impulso foi andar até ela e segurando sua mão beijei a palma. Ela estava linda, usava um vestido preto curto coberto de lantejoulas e uma sandália de salto alto combinando com o vestido. Eu usava a mesma roupa branca que eu usei em 2001 nos shows de 30 anos de carreira. (uma surpresinha que eu sabia que a agradaria) Quando ela notou minha roupa sorriu sem graça cobrindo o rosto que já corara novamente.
“Você se lembrou disso também.” Ela disse tirando as mãos do rosto.
“Claro e como eu ia me esquecer? Agora venha, nisso jantar logo será servido.”
“Na sua próxima entrevista, quando disser que tem pele de rinoceronte, diga que também tem memória de elefante.” Ela disse sorridente. “Isso sim é soltar os bichos.”
“Maluca!” Foi o que eu consegui dizer antes de desabarmos em outra crise de riso.
O jantar foi servido e estava delicioso, jantamos e conversamos muito. Na verdade eu acho que nós rimos mais que qualquer outra coisa. Quando terminamos de jantar fomos para sala onde a lareira já estava acesa, depois de escolher o filme que assistiríamos, nos acomodamos para assistir. No inicio ela se sentou no mesmo sofá, mas afastada de mim, então eu me levantei, peguei algumas almofadas e dois cobertores bem grossos, coloquei mais perto da lareira arrumando uma cama improvisada no meio da sala. Chamei-a pra vir deitar comigo (com cara de gatinho de botas), como eu previ ela não resistiu e veio pra nossa cama improvisada. Ela se deitou e eu deitei em seguida me acomodando e puxando-a pra mais perto de mim. Assistimos “Um amor pra recordar” abraçados. Foi uma noite mágica mesmo sendo tão simples. Assistimos o filme e depois partimos para os desenhos. Quando dei por mim ela estava adormecida ao meu lado. Levei-a no colo até seu quarto e a arrumei na cama, mas quando me preparava para sair ouvi ela me chamar.
“Michael?”
“Sim bonekinha, ainda estou aqui.”
“Eu ainda tenho direito a um ultimo presente?”
“Bem, já passa um pouco da meia noite, mas tudo bem, um ultimo presente.”
“Eu, eu queria um beijo.” Ela disse tão baixinho e escondendo o rosto no travesseiro que eu quase não consegui escutar.
Me aproximei lentamente da cama e descobri seu rosto revelando seus olhos lacrimosos e sua face ruborizada.
“Por que choras minha Bonekinha?”
“Por que eu estou me sentindo uma boba, esqueça o que eu disse, claro que um homem igual a você não ia querer nada comigo, e...”
“Shhhhiiiu. Não diga bobagens.” Disse colocando um dedo em seus lábios. “Você não é nenhuma boba, você é linda e qualquer homem no mundo ia querer beija-la e eu não sou diferente.” Eu disse isso e o mesmo dedo que calava sua boca, eu acariciei seus lábios, aproximei meu rosto do dela e antes de beija-la, com a boca roçando na dela eu sussurrei.
“Feliz aniversário minha bonekinha.” E a beijei, um beijo suave, mas cheio de emoção e carinho. Sua boca era como um morango maduro que eu fiz questão de saborear com toda calma.
“Vamos antes que fique muito tarde.” Eu a chamei estendendo a mão pra ela.
“Calma, mas, muito tarde pra que nem amanheceu ainda, aonde você vai me levar?” Ela perguntou curiosa.
“Eu vou te levar pra um passeio onde o céu é o limite.” Eu disse a puxando pela mão.
Eu dirigi durante algum tempo até um parque com uma imensa área verde. Estacionei o carro e claro sai e abri a porta para que ela saísse também. Ela parecia feliz, mas bastante tímida. Ela fica tão meiga quando fica envergonhada (o que acontece sempre) que eu constantemente preciso me segurar pra não apertá-la. Caminhamos de mãos dadas por algum tempo até pararmos diante de um imenso balão multicolorido. Ela arregala os olhos, quando enfim percebe o que vamos fazer.
“Nós vamos voar nesse balão?” Ela parece mesmo surpresa ao perguntar.
“Sim nós vamos.” Eu disse chegando mais perto e completei sussurrando no ouvido dela. “Eu vou te levar pro céu Bonekinha.”
Subimos no balão e ele levantou vôo e assim que alcançamos certa altura pudemos admirar lá de cima o sol nascer. Foi muito bom estar com ela ali. Parecia que nos conhecíamos há muito tempo e depois do susto inicial ela deixou um pouco a timidez de lado. Ficamos fascinados com a beleza daquele lugar, todo aquele verde, toda aquela paisagem fez meus olhos encherem d’agua. Ela notou e veio até a mim e com suas mãozinhas delicadas secou algumas lágrimas que insistiram em cair no meu rosto. Ela não me disse nada, só ficou me fitando com aqueles olhos cor de mel de um jeito que me dava à impressão de que ela lia meus pensamentos e melhor que isso, sabia e entendia o porquê das minhas lágrimas. Às vezes é muito difícil admirar a natureza e saber que a estão destruindo, saber que por maiores que sejam os meus esforços e os esforços de tantos para que todos entendam que precisamos curar o mundo parece ineficiente e eles simplesmente não entendem que se não cuidarmos do nosso planeta agora, nossos filhos e os filhos deles é que vão padecer por falta de vida. Segurei a mão dela que acariciava meu rosto e dei um beijo em cada dedo antes de entrelaçar nossas mãos. Voamos por mais algumas horas e quando descemos voltamos correndo pra casa onde nos esperava um belo café colonial.
Depois de um belo desjejum fomos passear pela propriedade. Era tudo muito verde, muito lindo. O lago cristalino nos convidava para um banho, mas o frio nos impedia. Andávamos de mãos dadas rindo e brincando muito até resolvermos andar a cavalo. Decidimos apostar uma corrida onde o perdedor tinha que se jogar no lago. O juiz foi o filho do caseiro, João Vitor de 11 anos. Dada a largada eu como um gentleman deixei que ela tomasse a dianteira, mas quando vi que acabaria dentro do lago comecei a correr e ganhei por uma cabeça de diferença. Mal descemos dos cavalos e eu já fui pegando-a no colo e levando até o píer no lago, ela claro ficou se debatendo e implorando que eu não a jogasse na água, mas aposta é aposta, mas quando eu me preparei para joga-la, ela se segurou em mim e eu acabei indo junto pra água gelada do lago. A água estava gelada, mas apesar disso nós ainda brincamos um pouco e antes de sair eu propus outra aposta, mas ela recusou.
Saímos correndo pra dentro da casa e o almoço já estava quase pronto, subimos para tomarmos banho e trocar de roupa. Quando descemos o almoço já estava servido. Almoçamos e fomos passear novamente só que dessa vez nós fomos com carrinhos de golfe e uma parte a pé mesmo. Passamos o dia todo fora e quando voltamos acendemos a lareira e ficamos deitados na sala assistindo um filme que eu mesmo escolhi “A casa do lago” e assim aprendemos que nada é mais forte que um grande amor, nem o tempo, nem a distancia e que tudo tem seu tempo exato de acontecer...